Braskem faz acordo de R$ 1,2 bi com Alagoas por afundamento do solo em Maceió

Acordo milionário: o contexto e as consequências

Em 11 de novembro de 2025, a Braskem, uma das maiores petroquímicas do Brasil, anunciou um acordo significativo com o governo do estado de Alagoas, no valor de R$ 1,2 bilhão. Este acordo decorre de ações judiciais e danos ambientais significativos causados pela extração de sal-gema, que resultaram no afundamento do solo em diversos bairros de Maceió, a capital do estado. As repercussões deste evento não apenas alteraram o cenário urbano local, mas também levantaram questões sobre a responsabilidade empresarial e a reparação a comunidades afetadas. Este montante será pago ao longo de uma década, com a Braskem já tendo repassado R$ 139 milhões. O restante do valor será quitado em parcelas anuais, com correção monetária, confirmando um compromisso financeiro a longo prazo com o estado.

A assinatura deste acordo não só extinguiu uma ação judicial movida pelo estado contra a empresa, mas também provocou uma série de consequências e reações em diferentes setores da sociedade. Enquanto a Braskem descreveu o acerto como um marco para o enfrentamento dos impactos causados pelo evento geológico, muitas organizações e cidadãos expressaram sua insatisfação, questionando a adequação do acordo e a real efetividade das compensações propostas.

Quem são os atingidos pelo acordo da Braskem?

Os principais atingidos pelo desastre na cidade de Maceió são os moradores dos bairros que sofreram com o afundamento do solo. Ao longo dos últimos anos, especialmente a partir de 2018, ascidas em bairros como Pinheiro, Mutange e Bom Parto, resultaram na evacuação de mais de 60 mil pessoas, que viram suas casas desvalorizarem-se drasticamente e suas vidas sendo interrompidas pela instabilidade do solo. Após anos de luta e incerteza, essas comunidades se veem em busca de respostas que tragam alívios e reparos às suas angústias.

acordo da Braskem em Maceió

Enquanto o acordo proporciona uma compensação ao governo estadual, preocupações foram levantadas sobre a adequação da reparação proposta para as comunidades diretamente afetadas. Os críticos apontam que a ausência de uma consultoria ou participação dos moradores nos diálogos que conduziram ao acordo significa uma exclusão das vozes que realmente experimentam as consequências da destruição provocada pela mineração.

O papel do governo de Alagoas na negociação

O governo de Alagoas desempenhou um papel fundamental nas negociações com a Braskem, atuando como representante dos interesses da população afetada. A decisão de firmar o acordo de R$ 1,2 bilhão foi vista pela administração estadual como uma vitória parcial, um avanço necessário para enfrentar os efeitos devastadores do afundamento do solo. Contudo, a maneira como essas negociações foram realizadas trouxe críticas por parte de movimentos sociais que acusaram o governo de atuar sem considerar as necessidades reais das comunidades impactadas.

Diversos líderes comunitários e organizações de direitos humanos expressaram seu descontentamento com o acordo, apontando que a falta de um diagnóstico claro sobre os danos sociais e ambientais provocados pela situação resultava em uma reparação insuficiente. Assegurar que os residentes não só tivessem compensações financeiras, mas também que delimitassem a causas históricas associadas à mineração, é um ponto crucial para avaliar se o governo realmente está interessado em reparar os danos causados.

Reações da sociedade civil e movimentos sociais

A reação da sociedade civil ao acordo atingiu níveis elevados, refletindo preocupações profundas sobre a justiça social e a ética empresarial. Movimentos sociais, como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), criticaram o acordo, argumentando que ele representa um grande investimento para o governo, mas ignora os direitos e as necessidades das famílias que vivenciam as consequências diárias da mineração irresponsável.

Durante uma coletiva, representantes do MAM discutiram a conspiração entre o estado e a empresa, afirmando que a verdadeira solução para o desastre não reside meramente em montantes financeiros, mas na restituição de direitos, recuperação de lares e preservação da saúde das comunidades. A ideia de que a mineração deveria ser feita de forma responsável e sustentável é uma mensagem central que setores da sociedade civil desejam transmitir, significando que acordos perante danos não são suficientes se não se atenta a um modelo de operação que evite sequelas no futuro.

O que inclui a compensação financeira?

O acordo de R$ 1,2 bilhão da Braskem com o estado de Alagoas inclui compensações visando a reparação dos danos causados pelo afundamento do solo. Segundo a empresa, o pagamento será feito em parcelas anuais, com valores corrigidos até 2030. No entanto, a formulação de como esses recursos serão utilizados ainda é questão em aberto. A empresa garantiu que os fundos devem incluir indenizações, compensações e ressarcimentos que visam reverter os danos patrimoniais e extrapatrimoniais sofridos pela população afetada em Maceió.



A formulação detalhada da utilização dos recursos é crucial. O governo estadual precisa garantir que os valores sejam direcionados para a recuperação de infraestrutura, auxílio a famílias desabrigadas e programas sociais que visem a revitalização das áreas afetadas. Entretanto, há um consenso de que a transparência na aplicação dos recursos é fundamental para evitar novas frustrações e garantir que os compromissos sejam cumpridos.

Aspectos legais do acordo com a Braskem

Legalmente, o acordo alcançado representa um marco significativo na luta por justiça e reparação face aos danos causados pela atividade mineradora. A formalização deste acordo não resolverá imediatamente a situação dos afetados, mas também extinguiu ações judiciais que haviam sido movidas contra a Braskem. Isso levanta questões sobre o futuro de outras ações individuais que poderão ser propostas pelos moradores que não se sentirem adequadamente compensados.

Além disso, a homologação judicial do acordo é um passo crucial que permitirá a verificação de conformidade com as legislações existentes e a legitimação da decisão tomando por base os acordos firmados. Esta homologação proporcionará também um registro formal no sistema judiciário das obrigações da Braskem e do estado de Alagoas, trazendo elementos para que novos recursos possam ser criados para a reparação dos atingidos, se necessário.

Histórico da mineração em Maceió

A mineração de sal-gema em Maceió começou na década de 1970 e foi conduzida pela empresa Sal-gema Indústrias Químicas, atual Braskem. Desde então, a extração de sal-gema se tornou uma atividade significativa para a economia local, oferecendo empregos e contrapontos ao desenvolvimento urbano. Contudo, a falta de um planejamento e estudos adequados sobre os impactos socioambientais das operações resultaram em consequências devastadoras.

Com o surgimento das primeiras rachaduras em 2018 e a confirmação pelo Serviço Geológico do Brasil da relação entre a expansão da mineração e os deslizamentos, notou-se uma grave crise que forçou milhares de pessoas a abandonarem suas casas. O histórico da mineração na região se revela um exemplo claro da necessidade urgente de responsabilidade ambiental, que deve ser priorizada nos diálogos entre o setor empresarial e as autoridades governamentais.

Danificação ambiental e sociais em Maceió

Os danos ambientais causados pela extração de sal-gema são significativos e abrangem uma série de alterações no ecossistema local. O afundamento do solo, resultado da extração inadequada, levou à desagregação de áreas residenciais e a posterior desvalorização dos imóveis. Os efeitos colaterais incluem não apenas a degradação da infraestrutura, mas também a promoção de insegurança e sofrimento para os moradores que tiveram que desocupar suas casas.

Ademais, as consequências sociais vão além da desestruturação física. Muitas famílias e comunidades em Maceió enfrentam crises de saúde mental, estresse contínuo e problemas sociais que surgem a partir da insegurança habitacional. Transtornos psicológicos associados à despromoção de suas condições de vida têm prevalecido na vida de muitos dos afetados. Assim, a recuperação ambiental e social não pode ser dissociada – é preciso indagar como a reparação pode ser oferecida simultaneamente em ambas as frentes para que o ciclo de dano não continue.

Análise do impacto econômico do acordo

O acordo de R$ 1,2 bilhão pode trazer consequências significativas para a economia local de Alagoas, apesar dos desafios que ainda persistem. A alocação desse fundo voltada para recuperação de instituições sociais e infraestrutura precisa ser feita de forma efetiva para que a revitalização econômica ocorra. Importante ressaltar que o valor do acordo é apenas parte do que os danos reais estimados pelo governo de Alagoas, que chegam a R$ 30 bilhões.

Os impactos negativos da mineração desregulada determinaram uma desaceleração no desenvolvimento urbano e causaram prejuízos diretos à qualidade de vida das pessoas. Portanto, o acordo, se aplicado corretamente, deve proporcionar um recomeço econômico e social para as áreas afetadas, promovendo o fortalecimento da economia local e a sustentação de futuras políticas públicas e iniciativas de desenvolvimento sustentável.

Próximos passos na luta pela reparação

A luta pela reparação não termina com a formalização do acordo entre a Braskem e o governo de Alagoas. Na verdade, é um passo que precisa ser seguido por ações concretas que garantam que os recursos cheguem efetivamente às comunidades afetadas. O desafio agora é garantir que as expectativas em relação ao cumprimento das obrigações da empresa sejam mantidas e que os moradores tenham acesso à informação e à supervisão sobre como os fundos estão sendo utilizados.

Os movimentos sociais e organizações da sociedade civil desempenham um papel crucial no monitoramento da aplicação dos recursos, promovendo a transparência e a conscientização sobre os direitos das vítimas. As autoridades devem continuar a trabalhar de forma colaborativa com as comunidades afetadas, visando desenvolver estratégias de reabilitação e acompanhamento das melhorias sociais e ambientais que precisam ser urgentes para reverter a crise estabelecida na cidade de Maceió.